Livro proibido
Quando tinha 8 anos, segundo ano primário descobri na estante, lá de casa, um livro de álgebra. De ginásio. Minha mãe não sabia especificar a origem. Achava que era deixado pelo irmão mais novo e rebelde do meu pai, que passou um ano morando conosco, para ver se estudava.
Adorei resolver os problemas de aritmética usando álgebra. Também ensinei algumas colegas que tiravam até 0, em Matemática, comigo elas aprenderam. Eu adorava ensinar, queria ser professora, quando crescesse.
Logo, no colégio, adivinharam quem era a culpada. O caso foi parar com a irmã superiora, que foi à nossa casa recomendar a minha mãe, que não deveriam antecipar o ensino de álgebra. Seria prejudicial, para mim e para as que aprenderam comigo.
A mãe disse que ninguém ensinou. “Ela achou um livro e aprendeu por conta própria.” A irmã retrucou: “Não deve deixar ela ficar adiantando matéria, tem que guardar esse livro, para quando ela estiver no ginásio.
Minha mãe gostava de evitar problemas e resolveu de forma simples. Subiu numa cadeira e colocou no alto de um guarda roupa, para eu não pegar. Mesmo subindo em cadeira, minha altura não dava. Fiquei sem ler o livro que adorava.
Mas de uma vez, fiz minha mãe reconhecer: Em nossa casa havia um livro proibido. Um livro de Matemática.
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