D. Virgínia

Meus irmãos e eu tivemos uma segunda mãe. D Virgínia. Pessoa boa estava ali, só falava o bem.
Nós não tínhamos parentes, por perto, quando nosso pai, médico militar foi designado para Vila Velha. A família dele, originária de Cachoeiro do Itapemirim tinha se mudado para Campos, RJ e a da minha mãe, estava toda no RS.
O marido dela, Sr, Adozino era civil que trabalhava, no Exército, como auxiliar no gabinete médico. Sei que ele aplicava injeções. Bem cedo, antes do expediente fazia um bico, tratando dos bichos da nossa casa. Viveiro de passarinhos, uma, ou outra ave diferente, papagaio falante, cachorro e como já disse aqui, no blog, um jacaré. Às vezes ele fazia alguns consertos.
Quando minha mãe teve os filhos, ela ficava com os outros, em nossa casa, inclusive um último que ela perdeu. Ou quando ela adoecia de forma forte e quando meus pais foram ao RS, para cirurgia do meu avô, ela também ficou conosco. Levava a filha, Oscarina, um pouco mais velha que a Irene e que foi nossa instrutora em muitos assuntos. Juntávamos as camas e ela dormia conosco. Era a festa quando D. Virgínia ia para nossa casa. Para começar ela não brigava conosco, mesmo se fizéssemos bagunça.
Fora isso adorava fazer visita à casa dela . Alguma vez ela nos convidava para almoçar. Fazia moqueca maravilhosa. Moqueca até de peixes de segunda linha mas, com o conhecimento que tinha, sabia a época do ano em que o peixe estava bom. E doce de mamão verde, que beleza! Cocada, então !
Foi moradora de Inhoá, Centro de Vila Velha. Lembro vagamente da casa, muito simples, perto do mar, o cheiro de maresia e barulho das ondas. Logo depois mudaram para onde era o antigo matadouro de Vila Velha, rua perto da subida do Convento. A Marinha, quando construiu a Escola, levou os moradores de Inhoá para lá e fez boas casinhas de dois quartos. O senhor Adozino, muito caprichoso, logo aumentou para três, construiu uma copa e uma varanda nos fundos.
Um dia desses vou tomar coragem e visitar a Oscarina. Ainda mora lá, ficou com a casa dos pais. Já a vi em matéria no jornal, sobre desfile no Sambódromo. Representante da comunidade. Não sei se ela ficou sabendo do falecimento da amiguinha Irene.
D. Virginia, certamente, está no céu.

 

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