Labirinto

Já fui, quando jovem, Coordenadora Regional de Obras na região Central de Vitória ES. Entre minhas tarefas estava subir os morros, visitando obras em execução e verificando solicitações de escadarias, redes de esgotos, muros de contenção, examinando barrancos perigosos e pedras ameaçando rolar. Era muito bem recebida. Eram tempos pacíficos, ia com mapa na mão e modéstia à parte, era especialista em mapas. Mesmo assim, às vezes, ficava confusa com a quantidade de becos, rampas e escadarias mal definidas. Já me perdi sendo, gentilmente, orientada por moradores.
Agora, imaginem a polícia que está num clima tenso , sabendo que pode levar um balaço a qualquer hora e que seu trajeto é um labirinto? Sabendo que por muitos anos foi desrespeitada, por estímulo dos próprios governos e que morador moleque faz gesto como se fosse pegar uma arma, como provocação?
O Estado não conta com delegados da ONU, para irem às comunidades, apreender armamento pesado, com que marginais amedrontam a sociedade. Tem que ser polícia mesmo. Infelizmente cabe às pessoas se defenderem como podem e mesmo assim, volta e meia surge uma vítima. O ideal é que pudéssemos, todos, sairmos de casa a qualquer hora, em paz e tranqüilidade.
Quem mora ou trabalha em área subjugada por malfeitores e que, por isso, demanda mais ações policiais, tem que estar ainda mais atento. As pessoas têm que agir e viver conforme a sua própria realidade.
O governador do Rio tem razão, por mais que a sua decisão doa. A polícia tem que continuar agindo.

Comentários

  1. Falou muito bem sobre o labirinto de becos existentes nos morros, Marília.
    Velhos tempos de boa convivência em todos os morros. Todos eram pacíficos, fácil de conviver.
    Isto tudo é passado.
    Hoje é só violência, drogas....

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