Altura

Fui a maior criança da minha casa, mas acabei ficando o menor dos adultos, entre os filhos. Também a mais alta da classe, dentro da faixa etária. Na época era comum alunos com dois, ou três anos de diferença, na mesma turma. Havia o ingresso tardio e as reprovações. Havia, também, muitos alunos do interior, que os pais aguardavam poder mudar para a cidade maior, para matricular os filhos no ginásio.
Sempre fui cobrada, em casa e no colégio, principalmente por modos. Tenha modos, você já é uma moça! Isso, quando brincava na gangorra, ou no escorregador. Uma menina grande, como você, fica dando mau exemplo, para as pequenas. Era a grande com dez anos e as pequenas com doze. Muitas dessas, de origem italiana, cresceram mais tarde e ficaram maiores do que eu.
Em casa, eram as duas grandes e os dois pequenos. Isso, para responsabilidades caseiras, tipo arrumar, essas coisas. Na hora das regalias, como poder sair à rua, era só uma grande.
Nunca fui da altura da minha irmã mais velha, apesar de relativamente muito maior que ela, na infância. Quando tinha sete para oito anos, ela tinha dez. Maior, porque tinha dez, mas fui maior que ela em qualquer dessas idades. Herdava roupa de um ano atrás. Porém, nunca cheguei à sua altura, mesmo na idade adulta. Ela era sempre uns centímetros, maior.
Acabei ficando com altura média baixa. Pelo que fui cobrada, pelo tamanho, era para ter um metro e setenta, pelo menos.

 

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