A Sociedade somos nós (opinião de Sylvia Chermont)
Muito se fala "Da Sociedade", este monstro invisível espectral, que paga mal aos professores, discrimina os negros e não dá chances aos pobres. "A Sociedade" cria normas rígidas de conduta, sexualidade, aparência e aptidão e marginaliza quem não se adequa às suas rigorosas regras. "A Sociedade" provavelmente tem a forma de um homem branco genérico de mais ou menos 40 anos, muito possivelmente tem 4 metros de altura, escamas, garras, patas de bode, chifres, olhos amarelos como de um lagarto e cospe fogo. "A sociedade" tem no porão de sua casa um time de mães solteiras trabalhando dia e noite em situação de quase escravidão, enquanto seus filhos estão na rua se drogando e roubando, pois assim quis "A Sociedade".
"A Sociedade" é o termo utilizado quando quer se indicar um inimigo, sem o fardo de se apontar uma pessoa real. Culpa-se este monstro elusivo, confuso e, principalmente, inalcançável. Terceiriza-se a responsabilidade para esta quimera fictícia, digna do papel de vilã em filmes da Disney.
Talvez seja a hora de se considerar uma possibilidade incômoda: a figura "Da Sociedade", como uma aberração intangível, não existe. "A Sociedade" somos nós. A escritora deste texto, o leitor, o pedinte, o professor, a mãe solteira, o adolescente rebelde de camiseta do Chê Guevara, o velho homem branco de classe média alta. O roqueiro ganha milhares de vezes mais do que a enfermeira, do que o policial, do que o lixeiro, porque nós "A Sociedade", eu e você, pagamos mais pelo show de rock, do que para estes importantes serviços.
"A Sociedade" é o termo utilizado quando quer se indicar um inimigo, sem o fardo de se apontar uma pessoa real. Culpa-se este monstro elusivo, confuso e, principalmente, inalcançável. Terceiriza-se a responsabilidade para esta quimera fictícia, digna do papel de vilã em filmes da Disney.
Talvez seja a hora de se considerar uma possibilidade incômoda: a figura "Da Sociedade", como uma aberração intangível, não existe. "A Sociedade" somos nós. A escritora deste texto, o leitor, o pedinte, o professor, a mãe solteira, o adolescente rebelde de camiseta do Chê Guevara, o velho homem branco de classe média alta. O roqueiro ganha milhares de vezes mais do que a enfermeira, do que o policial, do que o lixeiro, porque nós "A Sociedade", eu e você, pagamos mais pelo show de rock, do que para estes importantes serviços.
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