Teatro

Assistindo à minissérie Crown, da Netflix e simultaneamente lendo o livro do Príncipe Harry, de nome, muito apropriado, Spare, o que sobra, fico pensando: O Estado britânico banca a monarquia para interpretarem papeis? Eles sofrem muito  mais, não digo do que um mendigo, mas do que cidadãos de classe média, certamente.
Sempre fui admiradora da rainha Elizabeth, mas penso agora, rainha seria mesmo necessária? Gastou a vida entre deveres e sofrimentos. Aqueles chás e jantares empertigados, que tinha que comandar, às vezes com enxaqueca, lhe davam prazer, ou requeriam reservas de estoicismo?
No passado, ser da realeza deve ter sido bom. O poder era real mesmo. Mas agora, virou uma comédia, às vezes grotesca. O menino vai levar seu batismo de sangue. O guia de caça abre a barriga do veado real, abatido (o animal mesmo, sem trocadilhos) e esfrega o rosto do garoto, nas vísceras sangrentas. Muito válido há mil anos, quando o príncipe tinha que ser um guerreiro destemido, que não podia correr de sangue. Agora, totalmente sem sentido, se tem um dodói, vai para o hospital.
Além disso, os bullyings nos colégios. Naquele período, há mil anos, quem ousasse fazer isso, com um príncipe real, certamente iria encarar a pena de morte. Hoje é uma brincadeirinha, às vezes imunda, ou grave, podendo machucar de verdade, com que atormentam os jovens príncipes, que têm que encarar com fleuma. Muitas vezes com prejuízo da auto-estima. O ofensor leva, se muito, uma suspensão. Há também, os sofridos amores desmanchados.
O Reino Unido reergueu-se, com política neoliberal, solidamente implantada, pela primeira ministra Margaret Thatcher, não pela monarquia. Agora vem um novo rei, com cara de assombrado e que nem o casamento, conseguiu segurar.
Será que é preciso tudo isso, para um país ser bem sucedido? Talvez, para encantar turistas bobos que vão atrás do teatro, uma vez que eles não têm praias calientes. 

 

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