Sufoco

Este post não é opinião, são reminiscências .

Vindo do Rio para Vitória, há mais de dez anos, sozinha no carro, iria parar no, então, posto Flexa, em Campos, porque estava com vontade de fazer xixi. Distrai-me com algo na paisagem e perdi a entrada do posto. Sou de me distrair, sorte minha que tinha bons reflexos, Deus me ajudou nesse ponto. Pensei: Paciência, vou deixar passar a cidade.
Muito caminhão. Se desse uma parada, aqueles que eu tinha ultrapassado voltariam a incomodar. Tinha que deixar para o Espírito Santo, mesmo.
Passei a fiscalização e segui em frente, procurando um posto à direita, detesto ter que cruzar a pista e nada! Um pouco mais à frente, eu já no limite, o trânsito parou completamente. Só caminhões na estrada, mas exatamente atrás do meu, havia um carro, com um casal.
Acabei saindo um pouco, a mulher do carro de trás veio conversar comigo e o marido caminhou, para descobrir o que ocorria. Foi uma carreta que tombou, disseram. Previsão de retirada, no meio da tarde. Ainda não eram onze da manhã.
Contei o meu drama e ela também estava apertada, tomava diurético. Vinham de Mimoso. Decidimos ir atrás de uma árvore grande, no pasto ao lado. Fui abrindo caminho, descendo por uma escadinha de drenagem, acostamento abaixo. Morrendo de medo de cobra que, segundo sabia, adora sarjetas. A companheira de infortúnio cuidando. Vi que não podia chegar à árvore havia uma cerca, bem fechada, no meio do colonião. Teria ser atrás do colonião mesmo, ela tampando a vista. Um caminhão estava parado na direção da descidinha e com o motorista na janela aberta. Consegui uma moita mais alta, abaixei e aliviei. O tempo todo com cuidado, por medo de cobra.
Já estava subindo e ia vigiar para ela, quando o tráfego começou a andar e todos correram para os veículos, o marido chamando e apressando. Não deu tempo para ela, mas com o trânsito solto, parariam em algum posto.
Mais à frente vi a carreta tombada e a polícia rodoviária fazendo a gente passar por um caminho precário, duas rodas no acostamento e duas já no mato, ao lado. Carro, bem mais baixo, que os caminhões arrastei o fundo, em alguma coisa. Mas consegui passar e segui em frente. Mais à frente tinha um posto, que deixei para lá, já estava aliviada. O casal deve ter parado ali. Segui em frente e fui almoçar só em Iconha, eu e os caminhoneiros, torcendo para sair antes deles e consegui. Só que, à frente, havia outro tanto de caminhões.


 

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