Dia Internacional da Mulher na Engenharia

Alguém me cumprimentou por mais um dia. Tem dia do aniversario, o Natal, dia das mães, dia do irmão, dia dos namorados, dia do engenheiro, dia do engenheiro civil e agora cumprimentos pelo Dia Internacional da Mulher na Engenharia.
Pesquisei, vi que existe mesmo, 23 de junho. Começou na Inglaterra, criado por uma Women’s Engineering Society. A data tem como objetivo fortalecer o espaço, que as engenheiras vêm ganhando na profissão. Então, parabéns para mim.
Quando comecei, na prefeitura de Vitória, houve um pouco de bullying. Era mais fácil que um colega trocasse o pneu do meu carro, que fornecesse os dados adequados, para um projeto. Felizmente, essa fase passou rápido.
Ia, às vezes, sozinha às comunidades, para ter uma visão técnica do cenário do projeto, sem interferências. Calças jeans apertadas, a anatomia sempre sobrando, tinha algum desconforto ao subir as escadarias, pelas exclamações “que saúde!”, que eram logo interpretadas, como “gorda!”
Freqüentemente contava com ajuda de encarregado atencioso, ou de colega, ao descer uma escadinha de terra, ou saltar uma vala de assentamento de manilhas, para ver o outro lado da obra.
Ocorrência pitoresca: Tive encarregado chamando na minha porta, às três da madrugada, por acidente técnico na obra. Perfuraram uma tubulação de água, na descida para o mercado da Vila Rubim, esguicho de água muito mais alto, que os sobrados. Antes de sair meu pai, que não queria que eu fosse, acabou deixando e recomendou, ao encarregado, que tomasse conta de mim.
No mundo das obras tinha também as técnicas. Muitos engenheiros gostavam de técnicas nas obras, pela forma caprichosa, com que guardavam os dados. Já eu preferia técnicos homens, que não tinham medo de meter a cabeça em um poço de visita, cheio de baratas e inspecionar a drenagem pluvial. Homem de antigamente, bem explicado.
No passado, a maioria das engenheiras trabalhava mais com projetos e orçamentos, ia às obras para tomar medidas, ou ter uma visão panorâmica.
Pelo menos no Brasil, quem abriu portas para engenheiras, em canteiro de obras, lá nos anos 1970, foram as operárias, contratadas para serviços leves e limpeza, numa época de intensa necessidade de mão de obra, na construção. Instalação sanitária feminina para a engenheira, que era um empecilho, deixou de ser.

 

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