Trabalho
Quando começou a ser estabelecido o sistema de oito horas de
trabalho, no século dezenove, o foi por
razões humanitárias. As pessoas, na época, decididamente morriam de trabalhar.
A economia incipiente precisava de todo o potencial produtivo humano. As
máquinas eram meras geringonças que precisavam de muitas pessoas em volta para
fazer funcionar. O produto era caro e acessível a uns poucos afortunados.
As máquinas foram se aperfeiçoando, ficando mais produtivas
e com o tempo houve um equilíbrio entre mão de obra e indústria. Acredito que,
no primeiro mundo, o equilíbrio possa ter sido pelos anos 70 ou 80 do século
passado. As pessoas tinham o conforto de empregabilidade garantida e facilidade
para comprar os bens que enriqueciam suas vidas.
Só que as indústrias continuaram se modernizando. Surgiu a
robótica e as empresas foram se enxugando. Uma empresa com dois mil empregados,
que produzia cem mil unidades ao ano, reduziu seu pessoal a mil e passou a
produzir duzentas mil unidades no mesmo período. Entre os demitidos, alguns
arriscaram competir com o antigo empregador, porém já começaram com empresas
enxutas. O mesmo ocorreu com o setor
serviços.
O problema tem sido resolvido impondo-se regras comerciais
globais, forçando países periféricos a comprarem a produção excessiva.
Porém, a economia continua se modernizando. Onde isso irá
parar? Se acabarem com os empregos em todo o mundo, a quem vão vender? Novos
negócios podem surgir, mas há limites para o consumo. O dia continua tendo 24
horas, a expectativa de vida tem aumento em fração e a população do planeta não
pode aumentar indefinidamente. Muitas
empresas quebrarão e serão compradas por outras que ficarão cada vez mais
gigantes e com menos trabalhadores. Nesse meio tempo, as pessoas trabalhando
cada vez mais, para não perder o emprego, que está raro, quando o lógico, seria
trabalhar cada vez menos, talvez um
único dia na semana e mais gente trabalhando.
O limite dessa situação seria um único empresário ser dono
de um botão que aciona outros botões que acionam toda a economia do mundo. Ele
seria rico? Não, seria pobre. Com o mundo inteiro desempregado, não teria aquém
vender.
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