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Mostrando postagens de novembro, 2024

Favela

Processo de desapropriação, no inicio dos anos 2000: Área de risco: mãe grávida, bem jovem, vários filhos, a mais velha com nove, cada um de companheiro diferente, todos ausentes. O processo parou, acabou a dotação, ou interesse político diverso do líder comunitário e quando voltou, a mais velha, já com 13 anos estava grávida de alguém das vizinhanças. Já constituíam outra família e estavam em pior situação. O cômodo que improvisaram, nos fundos estava mais ainda à beira do barranco, já desmoronando. É assim que as favelas vão inchando. Se a capacidade de melhoria cresce em progressão aritmética, a população cresce em progressão geométrica. A população aumenta, porque os jovens começam a transar desde que atingem a puberdade, às vezes antes. São filhos de pelo menos três gerações com este comportamento. Em passado distante, as meninas se casavam em tenra idade, mas era época em que a fome, as infecções e as epidemias dizimavam grande parte da população. Hoje o que se vê é

Igualdade é isso

Bandido pode roubar telefone de trabalhador, nos pontos de ônibus, para tomar cervejinha. Morador de rua pode viver como quer, fazer suas necessidades, onde quer. OOps! Não pode dizer morador de rua é pessoa em situação de rua, expressão estranha! Seria melhor dizer pessoas em situação de morador de rua. Ficaria mais adequado. Craqueiros podem se empanturrar de crack onde quiserem e atrapalhar as demais pessoas. Não podem ser removidos de onde querem estar. Podem deixar a cidade mal cheirosa, não podem ser levados, contra a sua vontade, a um abrigo municipal, para serem tratados, higienizados e alimentados. Se o pobre pode viver como quiser, onde quiser e é igual ao rico, por lógica a reciprocidade tem que ser válida, Rico tem que ter o mesmo direito: morar onde quiser, viver como quiser, abrir o negocio que quiser, administrar de sua forma, fazer contratos do seu jeito, valendo a sua interpretação, obviamente a seu favor, igualdade é isso. Esse vale tudo deveria ser, então, pa

Cantada

Cantada sempre existiu. Acredito que, por causa dela, nós existimos. Foi livre durante um bom tempo, creio que a partir algum ponto da segunda metade do século vinte, quando iniciou a liberação sexual da mulher. Num passado mais distante dependeria de aceitação das famílias, essas coisas. Cantada, cantada pura, sem compromisso maior do que o prazer do momento vivido, às vezes tendo que arcar com alguma responsabilidade decorrente. Um chefe poderia gostar do jeito de uma funcionária e dar uma cantada nela. Época boa. Cantada fazia a mulher se sentir valorizada, como mulher, achando que valeu a pena investir nos cuidados consigo própria. Os animais cantam um ao outro. Quem fica, de manhã cedo, próximo a uma árvore ouve as cantadas dos bem-te-vis-. E bem-te-vi de cá e viiiiiiií de lá, até se aproximarem. Tem cantada da rolinha, a da arara, com seu interminável ararararararara, além das cores realçadas. Até que em certo momento veio a ditadura do politicamente concreto. Professor