Filha corajosa
Minha filha ficou presa, durante muitos anos, na rede dos medicamentos psiquiátricos. Entrava ano e saia ano, ela cada vez mais depressiva, passava dias e mais dias, em quarto escuro. Não tinha ânimo para nada. Não admitia que eu participasse das suas consultas e eu não forçava, por medo de que ela, ainda por cima, deixasse de ir. Como ficaria aquela depressão, que não passava. Eu tinha, em minha cabeça, um conceito. Todo remédio tem efeito colateral, que pode fazer mal ao organismo. Porém, a causa que levou a tomá-lo, deveria deixar de existir. É como uma dor, o medicamento pode fazer mal para o estômago, ou para o fígado, mas a dor tem que passar. Se a dor não passa, não se toma mais o medicamento. Mesmo sem participar, de sessões, eu mandava mensagens ao psiquiatra, dizendo da situação e que deveria ser experimentada a retirada do medicamento, mas isso não era feito, apenas substituído. A pandemia fez piorar tudo. Não podíamos, nem sabíamos como trocar de profissional e precisávamos